quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Naranjo en flor

Era mas blanda que el agua,
que el agua blanda,
era mas fresca que el rio,
naranjo en floor...

Y en esa calle de estio,
calle perdida,
dejo un pedazo de vida
y se marcho...

Primero hay que saber sufrir,
despues amar, despues partir
y al fin andar sin pensamiento...
Perfume de naranjo en flor,
promesas vanas de un amor
que se escaparon en el viento...

Despues, que importa el despues?
Toda mi vida es el ayer
que me detiene en el pasado,
eterna y vieja juventud
que me ha dejado acobardado
como un pajaro sin luz.

Que le habran hecho mis manos?
Que le habran hecho
para dejarme en el pecho
tanto dolor?

Dolor de vieja arboleda,
cancion de esquina
con un pedazo de vida,
naranjo en flor...

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O poeta

Sentada num mero banco do jardim olho para o nada e tudo. Nada se passa nesta cidade mais agitada que a agitação. Sinto-me ligeira e completamente perdida nesta cidade morta de vida. Tudo se move num turbilhão sem sentido. Ninguém sabe para onde vai mas continua caminhando. Sobre esta rua sem fim sonho com ele mesmo. A vida é uma longa espera pela pessoa encarregue da nossa felicidade, e ninguém me ensinou a esperar. Aprende-se tudo, como comer, como estudar, como trabalhar, como criar mas a viver é outro assunto. Seria tudo tão mais fácil se…Não sei o fim desta pequena frase que me surge sempre no pensamento. Caminham todos como se soubessem o que estão a fazer, vidas sempre atarefadas com o destino do segundo, mas o longo prazo nunca é garantido. Sempre a duvida. A lacuna do ser que atormenta. A minha maneira de ser pelo menos assombra. Nunca sei o que estou a fazer mal, e continuo-o a faze-lo sem aprender. Ninguém me ensinou a viver ou a esperar. Ninguém me ensinou a pensar e faço-o sem querer. A cabeça do avesso mesmo quando estou de pé, não sei quem me fez isto, quem é o culpado astral deste desastre. Doce quimera que me arranjaram e me amarga a cada minuto que passa. Um dissolver de pensamentos sem nunca os querer pensar. Alguém que me ajude a focar. Olho sempre no vago e não vejo, penso. E seria feliz se não o fizesse. Nada estaria errado, era louca e no meu mundo tudo bateria certo. Não gosto de me esforçar para perceber os outros. Suponho que cada um no seu mundo, não tem defeitos não tem problemas não pensa. Tenho que pensar no julgamento alheio e penso. Ensinaram-me isso pelo menos, e mais valia que não o tivessem feito. Tento inutilmente mudar a minha maneira de ser, mudar para me adaptar ao meio onde estou inserida. Isso não me deixa feliz, e continua sempre a haver qualquer tipo alheio que julga. Sujeito demoníaco que me preocupa sempre no momento em que me deito. Mancha os meus lençóis brancos do nada. E penso sempre, mesmo quando durmo. E odeio. Seria vulgar e sobrevalorizado dizer que desejo deixar de pensar. Não sei o que quero, e não quero ser julgada por isso. Nunca soube nada, tenho a noção disso. Sou desinteressante. Sou fria. Não adorável, não amável. Sou má pessoa. Sou egoísta e egocêntrica. Julguem, pelo menos na folha de um papel tudo não passa de um mero desabafo que realmente não tem significado, ou de uma mera fantasia inventada pelo escritor do momento. Se pensar bem, nem sempre isso é verdade. O poeta nem sempre é assim tão fingidor, nem sempre finge a dor que deveras sente. Penso. E se não o fizesse, não vivia. E penso, e mesmo assim não sei porque vivo. Mas continuo a viver, porque também não sei porque havia de deixar de o fazer.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

(sem titulo)

És tão engraçado. A vida é tão irónica também sabes. Embora sinta o que sinto nuica te vou dizer. Por orgulho, porque fui burra em cair numa ilusão outra vez. A partir de agora vai ser diferente. Nunca mais. Nunca mais. Estava difícil acreditar nisto, por isso obrigada. Obrigada por me teres feito perder o resto de inocência e fantasia que havia em mim. Obrigada por me fazeres ver o mundo com outros olhos. Obrigada por tudo. É sempre bom, mais uma experiência de vida que nos ensina alguma coisa. Obrigada por seres frontal e ligeiramente louco. Obrigada. Tudo ficou diferente agora. Tudo. Estive a aguentar este tempo todo para me conter, e agora estou livre. E não quero estar. Mas estou, e graças a ti vejo tudo como deve ser visto. Com os pés assentes na terra. E nunca mais dou a ninguém tudo o que te dei da maneira que te dei. Estúpida ignorância a minha.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

15 minutos...

Passam horas. Passam sempre. Passam. E eu despedaço a graça do seu movimento esperando a tua presença que nunca vem. Passam. Sempre passam. Sorrio ao relógio inútil, é um fragmento de mim que não serve para nada. Atrasar-me talvez. Ou preocupar-me, sei lá eu. Passam as horas. Passam. Começo a contar os minutos e os segundos, que passam igualmente inevitavelmente. Passam. A inércia da minha espera que por si só, tira toda a cor da cor que resta do teu ultimo beijo. Da cor, do calor, do desejo. Tudo. Tira-me tudo. Passam os segundos. Conto os segundos também, olhando este estúpido relógio embelezado por mim, na esperança que este por ser mais belo facilite o meu tempo de espera, de vida, de morte. Não facilita nada, era previsível. Passam. E a tua prevista presença não aparece, não chega nunca. E entretanto, os segundos que conto tornam-se mais minutos, e os minutos mais horas. Começa o desespero. Na minha ignorância de saber, o desespero possivelmente nem o é. Será ansiedade talvez, ou vontade de te ver mesmo que seja atrasado. Ou então insanidade, é possível. Comecei há algum tempo atrás, (já nem sei quanto, porque fiquei tão embrenhada nesta confusão de minutos e segundos que não me lembro quanto tempo passou. Decerto passou muito) a reparar no andar das pessoas. É muito mais fácil reconhecer o teu andar, do que estar a fazer olhares incriminadores ás pessoas que vão passando por mim. Decerto pensariam, já mais do que pensam, que sou uma louca maníaca que está à espera de quem nunca vem. Ou então do meu amigo imaginário. Gostava mesmo de saber o que se passa na cabeça de cada uma das pessoas que passou por mim nestes milhentos segundos que estive. Estou a desanimar, nenhum andar familiar. Nenhum olhar familiar sequer. Nada. Sinto já as costas a queimar do olhar da empregada de balcão. Quero sair daqui, e não chegas. Mais segundos e horas embrenhados numa turbilhão de olhares ao relógio de pulso. E ao relógio da parede que está à minha frente. Também é bonito, à sua maneira. Um jeito meio tradicional, a tentar ser moderno. Bonito para quem o comprou provavelmente nos chineses a um décimo do preço. Vês? Já começo a pensar em coisas que não têm lógica. Quer dizer, ter têm, mas não são coisas muito interessantes de se pensar. Mas também o que é que pensa uma pessoa normal quando está a contar os segundos para tu chegares? Se calhar devia ir-me embora, não tenho vontade, claro. Por mim até esperava o resto dos meus dias por ti. Não vou embora. Só daqui a mais uns minutos pronto. Já passaram. Daqui a algum tempo então. Tenho que ter a certeza que não vens para me ir embora. Não a tenho ainda. Espero mais uns segundos, minutos, horas até.
Um andar familiar finalmente do outro lado do vidro, és tu. Finalmente diriges-te à minha mesa.

- Desculpa o atraso.

- Demoraste imenso. Já estava para me ir embora.

- Foram só 15 minutos.