terça-feira, 21 de agosto de 2007

Se pelo menos...

Se pelo menos sonhasses comigo…
Se pelo menos vibrasses o mesmo som que eu…
Se pelo menos percebesses o que te digo…
Se pelo menos conhecesses a tua dor…
Se pelo menos respirasses a tua alma com calma…
Se pelo menos olhasses menos sedutor…
Se pelo menos contasses as estrelas para mim…
Se pelo menos andasses lentamente a meu lado…
Se pelo menos conseguisses manter a tua mão na minha…
Se pelo menos soubesses o que sinto…
Se pelo menos fosses mais o que quero…


Se pelo menos morresse esta minha vontade de te ver, meu querido Romeu, meu escuro breu, pobre amor meu.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Mundo Cão - O Andarilho do desejo

Não foi fascinação, nem paixão
Foi mais um coração sedutor,
Que teve uma explosão de vulcão amador,
Não me vai prender, não me vai conter,
Não me vai pôr fiel, nem a mel,
Não me vai matar, não me vai curar
De comer a maça vilã.

Foi só uma afeição de serão,
Singela depravação de varão solteirão
Não me vai prender, não me vai conter,
Não me vai pôr fiel, nem a mel,
Não me vai matar, não me vai curar
De comer a maça, não

Sou andarilho do desejo
neste reino de consumo e dor
sou andarilho do desejo
numa vida de consumo e dor
sou andarilho do desejo
num destino de consumo e dor

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Noites

Sorrisos dispersos da noite profunda
Que no dia sucumbe
E nos braços meus e teus

Sorrisos repletos de noites futuras
Com imagens puras
Que o nosso olhar reflecte.

Olhos verdes,
Negro sentir da tua perda
Seria a cor escolhida pelos meus

Pele macia, do teu rosto
Que sinto no meu posto
E a lágrima contida
Correu já era dia.

Ávida do sabor dos teus lábios,
Certa que não voltarão aos meus,
Enquanto o dia não for noite.

Contento o meu fervor de ti
Com estes teus fragmentos
Sei que neles és meu,
E eu tua, aqui, como sempre.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Ridículas

Inércias desesperadas de um tempo que pára quando é necessário que passe. Uma página que não vira mesmo pela violência frustrada da minha mão. Um beijo que roda na cabeça de alguém demasiado cego da estupidez amorosa que o faz deixar de raciocinar com a clareza dos vividos. Uma lembrança marcada nos passos do presente que traça um caminho com falhas e um futuro com quedas. Palavras sem sentido, ditas pelo homem do lado, apenas da boca para fora, cuspidas das suas entranhas, sem sentido como o silencio que o rodeia. Um mundo irreal que roda monotonamente, sempre, sempre, mesmo que tudo nele pareça parado. Tudo na sua normalidade irritante, reconfortante para uns, e extremamente enfadonha para mim. Uma banalidade assustadora que corre pelos meus olhos todos os dias. A não novidade de uma vida vivida á espera de algo que não acontece. Algo que não sustenta o ar que respiro, mas que dá a esperança errada suficiente para continuar a acreditar. Farta de saber que ela acaba antes da morte, e viver uma vida sem cor é possível mesmo para o mais estúpido apaixonado. Filmes e poemas de amores impossíveis, e novidades diárias, e descobertas brilhantes e um mundo de hipóteses, que não existe. Tudo é falso. Restam-me pelo menos algumas certezas de amor amigável de alguns, e as incertezas dos que se aproximam, e pouco mais, que podem sustentar a minha ilusão durante mais uns tempos. A incerteza ainda se apodera de mim, mas serei felizmente acordada desta inércia ridícula, amanha, quando o sol raiar no horizonte, e o mundo rodar na sua rotina, saberei que afinal tudo não passou de um momento que passou muito lentamente, mas não parou. Afinal tudo se movimenta, lentamente, felizmente.