terça-feira, 28 de outubro de 2008

Asi se baila el tango

asi se baila el tango

(Para ouvir ao mesmo tempo que se lê)

A musica começou lenta e sensual. Estavas vestido com um fato preto com pequenas riscas brancas e esperavas por mim. Caminhei para ti, devagar e desafiadora. Esperei o teu primeiro passo, sempre foste tu que ditaste as regras deste jogo que jogamos há tantos anos. Agarraste-me pela cintura e deste um passo atrás. Segui-te apenas com um passo e continuamos um. Olhei para ti e senti-me tremer, desviei o olhar. Andaste à minha volta, eu segui-te só com o olhar. Agarras na minha mão, move-la para o teu ombro, pões a tua na minha cintura, fazes-me cair para trás, os teus lábios a milímetros dos meus mas não me beijas, a tua mão percorre o meu braço e deixas-me levantar. Agora os meus olhos não deixam os teus. Sinto-me a dar voltas e voltas e não sei o fazem as minhas pernas por mim, fazem-no por ti. Sinto-me a caminhar mas não estou. Sigo-te e continuas a fugir-me e ao mesmo tempo a agarrar-me com todas as tuas forças. Sinto-me tremer outra vez, mas mantenho-me firme a seguir-te. Os teus passos ficam cada vez mais rápidos e nem sequer consigo parar os meus. Deixas-me cair nos teus braços outra vez, cada vez me olhas mais fundo, mas não consigo parar, sinto o desafio no teu olhar e não consigo nega-lo. Levantas-me, pões os teus braços em volta de mim e deixas-te ficar o tempo que queres, mantenho-me firme. Damos um passo ao lado, de costas para ti e os meus pés continuam a mandar em mim. Tu continuas com o mesmo olhar, e sinto uma espécie de calor que só sinto contigo. Uma volta, duas voltas, dou por mim com o corpo colado ao teu como se uma força invisível assim o quisesse e não fosses mesmo tu a conduzir. Sinto-te cada vez mais perto, e cada vez te quero ainda mais perto. Paras-me um passo à tua frente, largas a minha mão só para a agarrar outra vez, uma volta, passos à tua frente o mais lento possível porque posso, a minha perna levanta-se automaticamente porque tu o pediste, um passo nariz com nariz, e cair. A tua mão percorre a minha cara e agarra o meu pescoço, ficas ainda mais próximo, e foges. Sigo-te na mesma sem pensar. Continuamos. Os meus olhos continuam nos teus e os teus nos meus, uma volta, duas volta. Agarras-me pela cintura, chegas-te ainda para o impossível, uma volta, uma batida do tacão no chão. Acabou a musica.