sexta-feira, 30 de maio de 2008

Grades

Cansam-me as pressões e cansam-me os olhares. Cansam-me as prisões que criamos por querer, por temer. Cansa-me esse temer de sair da casca e mostrar o que é o ser do proprio. Cansam-me os que criaram esta ridícula ideia de viver preso para viver. Estou farta desta jaula que alguém me criou, ou eu, para não me sentir ameaçada pelo ar da rua. Estou farta de ver estas grades cinzentas, que não me deixam perceber nada com claridade. Nem os outros me verem a mim. E é por eles mesmos que estas grades existem. Farto-me e irrito-me com esta situação de criar pseudónimos de nós proprios para não ter de suportar criticas da verdade, que são as mais difíceis de ouvir. Farto-me dessas criticas também, e de não ouvir ninguém dizer que "cada um faz o que quer" é mentira. Irritam-me essas criticas vindas do nada e ditas por ninguém, mas que existem e queimam a pouca confiança que temos para sair daqui. Irrita-me esta sociedade de mentirosos, curiosos e maliciosos. Irrita-me saber que é por eles que estas grades estão à minha frente, e odeio-as. Odeio esta ideia sobrevalorizada que tem que se saber estar para ninguém comentar. Odeio, ninguém, ninguém mesmo, nem eu, conseguir ser sempre o mesmo para toda a gente, porque a casca está sempre lá, para nos lembrar do que a vida nos ensinou. Odeio ter aprendido isto tarde demais. Odeio que ninguém me tenha ensinado isto antes da vida se chegar à frente. Odeio que até as proprias mentiras, que são ditas por quase todos, tenham casca, e afinal ninguém as diz. Odeio esta estupida grade cinzenta que me está a impedir de ser livre. Odeio estar a ficar como eles, com medo de sair.

6 comentários:

code disse...

Mais uma vez, para além de achar fantástico o teu texto, concordo totalmente contigo. É mais um daquelas perspectivas que sinto que poderia facilmente ter sido escrita por mim. Identifico-me inteiramente.

Existe uma quantidade enorme de factores externos inibidores que restringem a nossa acção.

Essas pressões que, a pouco e pouco, nos tentam moldar à imagem padrão de apenas mais um membro da sociedade, são subvalorizadas, e acabam por constranger qualquer tipo de acção mais original.

acho que tens absoluta razão, e explicaste-o de uma forma genuína e bela.

Adoro os teus textos.
Parabéns :)
Abraço,
André.

code disse...

olá.

obrigado pelo comentário.
os meus comentários são convincentes pq são verdadeiros tb. Sinceramente adoro a forma e o conteúdo daquilo que escreves.

não digo que é fácil ser grande, digo que difícil é ser.

como tu disseste e bem para se ser grande é preciso uma grande capacidade de concentração num objectivo e numa área específica. Ora, muitas vezes essa concentração restringe o desenvolvimento pleno daquilo que tu és.

O ser humano é demasiado completo e complexo, para poder escolher apenas um caminho e achar que por ter sucesso aí, alcançou a sua realização própria. Até porque essas próprias opções são sempre condicionadas pela espaço tempo em que vives e todas as influências sociais, desde a cultura à tua educação.

Se quiseres ser grande, foca-te em algo que infinitos factores te fazem acreditar que gostas, e com o tempo conseguirás.

Se quiseres ser, com todas as influências que, por exemplo, falas neste teu texto, e ainda a noção de que não podes rejeitar à partida nenhum caminho, a tarefa complica-se infinitas vezes.

Não existem formulas mágicas para isso, a não seres estreitares a tua relação com o mundo e contigo própria ao ponto de conseguires alcançar a realização do teu "Eu" sem qualquer tipo de necessidade de vencer isto, aquilo ou aquele.

Por isso altero ainda o que disse:
Difícil não é ser grande,
Difícil ou Impossível é Ser!

Abraço,
André.

code disse...

ainda bem que não concordas xD

para mim ser é (bastante) diferente de existir.

não tem a ver com ser melhor ou pior, pois isso são valores até bastante relativos. tem a ver com uma visão muito mais ampla de existência. Não é preciso alcançar a perfeição para se chegar à realização completa, é um processo de estreitamento da tua ligação com o mundo e contigo próprio.

Não existe melhor ou pior, certo ou errados absolutos, um caminho longo ou curto único para se chegar lá, não precisas de fazer tudo bem (ou de uma maneira à qual associas "o bem")... simplesmente saberás...

não vale a pena estarmos a restringir o alcançar da felicidade a standards da sociedade, temos de encontrar a nossa maneira em cada momento, que pode ser algo facilimo ou impossível.

quanto a liberdade de escolha, daria um debate infindável... se achas que estes posts já são muito longos acho que é melhor não falarmos disso xD

eheh tb adoro falar contigo. gosta das tuas "perspectivas" lol :p

wannabe-dj? pox! é a vida, faço muitas mais coisas para além de estudar, há q procurar ter uma visão o mais ampla possível :)

Boa sorte para o exame! :)

Abraço,
André.

code disse...

Olá!

gostei que tivesses gostado =)

quanto à "cafezada filosófica" não sei, o mais certo era ficar sem jeito e não dizer nada q se aproveitasse lol além disso não tomo café :p

qto aos números, penso que percebeste bem o q quis dizer, e sim, 1 parece-me um bom número para divisor xD, se bem que a piada da derivada era escusada lol tou a brincar, tiveste bem, tiveste bem eheh

Fica bem,
abraço amiga :),
André.

code disse...

subtilmente? não... aquilo q disse é mesmo verdade lol. quando não conheço as pessoas normalmente não digo nada de jeito, quanto mais filosofar!! eheh

quanto ao café é verdade. apesar de ter passado para aí os 2 primeiros anos da minha vida no café do meu avô, não bebo café. acho que provei quando ainda era pequeno, não gostei e nunca mais. depois como sei que acaba por se transformar num vício (não é??? lool) não me apeteceu voltar a experimentar. e pronto cá ando eu assim xD

p.s. gosto das tuas piadas tb :p alijó, ali já??? LOL xD

abraço :)

code disse...

tímido? sim é verdade. vem daquele que considero o meu maior defeito que é o medo de errar.

qto à conversa, percebes-me bem. acho q seria realmente algo parecido com isso lol

tocar viola? muito bem muito bem!! quero ouvir quero ouvir!! xD

quanto aos comentários grandes, ora aí está um vício que eu adoraria que mantivesses durante muitos anos :D

abraço,
André.